O quadro teórico que busca problematizar a implementação das idéias propostas pelos Parâmetros Curriculares Nacionais (doravante, PCNs) no que diz respeito ao ensino de língua portuguesa. Diversos pesquisadores da área de lingüística aplicada vêm se dedicando a trazer sugestões
de como efetivar, na prática, as opções teóricas assumidas pelo PCNs. Dentre tais opções, a noção bakhtiniana de gêneros discursivos é a que tem recebido maior atenção. Certamente, isso se deve porque, como lembra Barbosa (2000):
tomados como exemplos de estudo gramatical e pouco têm a ver com a competência discursiva.
Dentro desse marco, a unidade básica do ensino só pode ser o texto (PCNs, p. 23).
De acordo com os PCNs, tomar o texto como “a unidade básica do ensino” possibilitaria a discussão/ produção de textos de maneira a dar espaço às diferentes vozes que emergem em uma sala de aula, entendidas como representativas de realidades socio-históricas distintas e que, portanto, devem ser vistas e respeitadas como tais.
Ainda, ao optar por essa forma de tratamentodos textos, os educadores estariam assumindo a idéia
de que eles não seguem padrões fechados, que só permitem uma interpretação, e sim que há uma variedade de leituras possíveis que se constroem na co-interação leitor-texto.
Nessa perspectiva, portanto, deveria fazer parte do ensino e aprendizagem da língua portuguesa, a reflexão
sobre a linguagem.
Como indicam os PCNs:
Tomando-se a linguagem como atividade discursiva, o texto como unidade de ensino e a noção de
gramática como relativa ao conhecimento que o falante tem de sua linguagem, as atividades curriculares
em Língua Portuguesa correspondem, principalmente, a atividades discursivas: uma prática constante de escuta de textos orais e leitura de textos escritos e de produção de textos orais e escritos, que devem permitir, por meio da análise e reflexão sobre os múltiplos aspectos envolvidos, a expansão e construção de instrumentos que permitam ao aluno, progressivamente, ampliar sua competência discursiva (p. 27 – grifamos).
REFERÊNCIAS
Letras de Hoje, Porto Alegre, v. 43, n. 1, p. 69-76, jan./mar. 2008
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